IDENTIFICAÇÃO DE QUEM ESTÁ FALANDO TEXTO INGLES ESPANHOL
PAULO MARCOS - NARRADOR Conceição do Coité, Bahia, Brasil, um município com quase 70.000 habitantes, situado no coração do semiárido baiano, onde o tempo tem sido contado no balanço do sisal. Suas raízes foram profundamente entrelaçadas à fibra resistente dessa planta, que não apenas moldou sua paisagem, mas também definiu sua economia e traçou os contornos de sua história. Conceição do Coité, Bahia, Brazil, a municipality with nearly 70,000 inhabitants, located in the heart of the Bahian semi-arid region, where time has been measured by the sway of sisal. Its roots are deeply intertwined with the resilient fibers of this plant, which not only shaped its landscape but also defined its economy and traced the contours of its history. Conceição do Coité, Bahía, Brasil, un municipio con casi 70,000 habitantes, situado en el corazón del semiárido bahiano, donde el tiempo se ha contado al compás del balanceo del sisal. Sus raíces están profundamente entrelazadas con la fibra resistente de esta planta, que no solo moldeó su paisaje, sino que también definió su economía y trazó los contornos de su historia.
PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR Eh, sim, né? Né? No nos 100 anos, 90, 100 anos de emancipação política da segunda participação política de Coité. O sisal ele chega e se faz presente numa permanência assim muito grande, Yeah, right? Right? In these 100 years, 90, 100 years of political emancipation, the second political participation of Coité. The sisal comes and becomes present in such a great permanence Eh, sí, ¿verdad? ¿Verdad? En los 100 años, 90, 100 años de emancipación política de la segunda participación política de Coité, el sisal llega y se hace presente con una permanencia muy grande.
PAULO MARCOS - NARRADOR Tornado alicerce para as famílias que tiveram seu futuro tecido com o que a planta pôde oferecer. Fibra enviada para o mundo, sustento garantido para o lar. Becoming a cornerstone for families whose future was woven from what the plant could offer. Fiber sent to the world, livelihood secured for the home. Convertido en el sustento para las familias que tejieron su futuro con lo que la planta pudo ofrecer. Fibra enviada al mundo, sustento asegurado para el hogar.
URBANO CARVALHO - SINDICALISTA Trabalhei no sisal, mas meu pai no motor dos outros e meu pai cortando, eu botando palha para que a gente pudesse comprar a farinha e o feijão para comer. I worked with sisal, but my father worked on other people's engines, and my father was cutting while I was putting the straw so that we could buy flour and beans to eat. Trabajé en el sisal, pero mi padre en el motor de los demás, y mi padre cortando, yo poniendo paja para que pudiéramos comprar la harina y los frijoles para comer.
MARIA ELIANA - SINDICALISTA Sei lá quantos jornada uma mulher enfrenta durante esses, essa trajetória aí entre motor, casa, roça, família, esposo, filho que se envolve como um todo. Então, sempre foi assim. Hoje não mais como antes, mas a mulherada ainda dá conta do recado lá no trabalho do sisal. I don’t even know how many journeys a woman faces throughout this path—between the engine, home, farm, family, husband, and children, all intertwined. So, it has always been like this. Today, not as much as before, but the women still get the job done in the sisal work. No sé cuántas jornadas una mujer enfrenta durante esa trayectoria entre el motor, la casa, el campo, la familia, el esposo, los hijos, todo involucrado. Siempre fue así. Hoy no como antes, pero las mujeres todavía se encargan del trabajo en el sisal.
José de Araújo
Dono de Motor Eu acordo 4 horas da manhã e só durmo 7, 8 da noite, todo dia. Todo dia. O que eu tenho hoje, eu agradeço primeiramente a Deus e segundo ao sisal. É a nossa profissão, né? Nós vive disso, né?
I wake up at 4 in the morning and only go to bed at 7 or 8 in the evening, every single day. Every day. What I have today, I thank first to God and second to sisal. It’s our profession, right? We live off this, don’t we? Me levanto a las 4 de la mañana y solo me duermo a las 7 u 8 de la noche, todos los días. Todos los días. Lo que tengo hoy, se lo agradezco primeramente a Dios y segundo al sisal. Es nuestra profesión, ¿no? Vivimos de esto, ¿verdad?
PAULO MARCOS Com orgulho. With pride.
Y con orgullo.
José de Araújo
Dono de Motor Não tem pra onde ir. Não sei ler, não sei escrever, mas aqui eu sei de tudo. There’s nowhere to go. I can’t read, I can’t write, but here I know everything.
No hay a dónde ir. No sé leer, no sé escribir, pero aquí lo sé todo.
PAULO MARCOS O que que acontece depois que sai daqui com esse, com a fibra?
What happens after it leaves here with the fiber?
Qué pasa después de que sale de aquí, con la fibra?
José de Araújo
Dono de Motor É, Hernandez. A gente entrega Hernandez.
Yeah, Hernandez. We deliver to Hernandez.
Sí, Hernández. Nosotros entregamos a Hernández
PAULO MARCOS Na batedeira.
At the beater.
En la batidora?
José de Araújo
Dono de Motor É. Aí agora pra lá, nós não não sabe da vida dele mais não.
Yeah. From there on, we don’t know about its life anymore.
Sí. Ahí ahora para allá, nosotros ya no sabemos nada más de su vida.
PAULO MARCOS É mesmo? É. O senhor não sabe o que que essa fibra ali vai pra onde vai ou o que faz.
Really? Yeah. You don’t know where that fiber goes or what it’s used for.
¿De verdad? Sí. Usted no sabe qué hace esa fibra allá, adónde va
José de Araújo
Dono de Motor Não. Nós entrega ele e aí, pra onde vai nós não sabe, né?
No. We deliver it, and after that, we don’t know where it goes, right?
No. Nosotros lo entregamos y ahí, a dónde va, no lo sabemos, ¿verdad
PAULO MARCOS - NARRADOR Fundado sobre o labor de mãos calejadas e sonhos persistentes, o município superou as secas que o desafiaram e moldou com resiliência uma identidade única no sertão da Bahia. Founded on the labor of calloused hands and persistent dreams, the municipality overcame the droughts that challenged it and resiliently forged a unique identity in the Bahian hinterlands. Fundado sobre el trabajo de manos callosas y sueños persistentes, el municipio superó las sequías que lo desafiaron y forjó con resiliencia una identidad única en el sertón de Bahía.
ORLANDO MATOS - HISTORIADOR A partir da década de 40, não se fala em Coité sem sisal. From the 1940s onward, you can’t talk about Coité without mentioning sisal.
A partir de la década de los 40, no se habla de Coité sin mencionar el sisal.
ROBERTO LOPES - ESCRITOR Ó, aqui não tinha sisal. Aqui nós éramos um município muito pobre, sofria muito com seca. Look, there was no sisal here. We were a very poor municipality, suffering a lot from drought.
Aquí no había sisal. Éramos un municipio muy pobre, sufríamos mucho con la sequía.
ORLANDO MATOS - HISTORIADOR Até 1940 se colhia o básico para consumo e alguma coisa que sobrava para o comércio. Until 1940, they harvested just enough for consumption and a little leftover for trade.
Hasta 1940, se cosechaba lo básico para consumo y algo que sobraba para el comercio.
ROBERTO LOPES - ESCRITOR E chegava as épocas trovoada, chovia bem e tal, tal. Mas a a escultura daquela mandioca, era mamona, era farinha, And when the stormy seasons came, it rained well and all. But the yield from that manioc—there was castor bean, there was flour, Y llegaban las épocas de truenos, llovía bien y todo eso. Pero la cosecha de esa yuca, era ricino, era harina…
ORLANDO MATOS - HISTORIADOR milho, farinha, feijão, fumo, eh café, inclusive café, mas com a vida, é uma vida muito difícil, corn, flour, beans, tobacco, uh, coffee, even coffee, but life was very hard,
Maíz, harina, frijoles, tabaco, eh café, inclusive café, pero con la vid, es una vida muy difícil.
PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR porque veja assim, a gente estuda a história de Coité e começa lá, né, da colonização, século XX, indígenas, povos originários, tinha ou não tinha aqui na região, a estrada das boiadas, a ocupação né, a vinda da da do catolicismo, a ocupação territorial, né? Aí até 1940 não se falava na palavra sisal. Então tudo que a gente estudou, escravidão em Coité, né, tudo isso até então o nome sisal e a planta não existia. Because, look, when we study the history of Coité, we start there, right, with colonization, the 20th century, indigenous peoples, the original inhabitants—whether they were here in the region or not—the cattle trail, the settlement, the arrival of Catholicism, the territorial occupation, right? Until 1940, the word sisal wasn’t mentioned. So everything we studied—slavery in Coité, all of that—until then, the name sisal and the plant didn’t exist.
Porque mira, uno estudia la historia de Coité y comienza desde la colonización, el siglo XX, los indígenas, los pueblos originarios, si había o no había aquí en la región, el camino de las manadas, la llegada del catolicismo, la ocupación territorial, ¿verdad? Hasta 1940 no se mencionaba la palabra sisal. Entonces, todo lo que estudiamos, la esclavitud en Coité, todo eso hasta ese momento, el nombre sisal y la planta no existían.
ROBERTO LOPES - ESCRITOR João Lopes é que tem que João Lopes Carneiro, vulgo João Buá. João Lopes is the one—João Lopes Carneiro, also known as João Buá.
João Lopes es quien tiene que ser mencionado, João Lopes Carneiro, conocido como João Buá.
PAULO MARCOS - ENTREVISTADOR Isso. Você cita essa história e cita ele como uma pessoa que conta isso, né? Exactly. You mention this story and refer to him as the person who tells it, right?
Eso. Se menciona esta historia y se lo cita a él como la persona que cuenta todo esto, ¿verdad?
ROBERTO LOPES - ESCRITOR É que ele ele ele fez curso naquela época Valente para ser classificador de sisal. E daí que indicaram ele lá, ensinaram a ele, os professores lá, de que o nome sisal, que é a agave, e pegou aqui no Brasil como sisal, porque na Tanzânia o porto que exportava o sisal, o agave no caso era era Porto Sisal. E aí pegou o nome sisal. See, he took a course back then in Valente to become a sisal grader. And then they recommended him there, the teachers taught him that the name sisal—which is the agave—became known in Brazil as sisal because in Tanzania the port that exported the agave was called Porto Sisal. And that’s how the name sisal stuck.
Es que él hizo un curso en esa época en Valente para ser clasificador de sisal. Y fue ahí donde lo indicaron, le enseñaron los profesores que el nombre sisal, que es el agave, se adoptó aquí en Brasil porque en Tanzania, el puerto que exportaba el sisal, o sea, el agave, era el puerto Sisal. Y de ahí se quedó con el nombre sisal.
PAULO MARCOS - NARRADOR O sisal, fibra extraída do Agave sisalana, foi introduzido no Nordeste como resposta à aridez. Plantado, colhido e trabalhado como esperança verde, consolidou-se como símbolo de sobrevivência.
Sisal, the fiber extracted from Agave sisalana, was introduced in the Northeast as a response to arid conditions. Planted, harvested, and processed as a green hope, it became a symbol of survival.

| El sisal, fibra extraída del Agave sisalana, fue introducido en el Nordeste como respuesta a la aridez. Plantado, cosechado y trabajado como una esperanza verde, se consolidó como símbolo de supervivencia. | | MÚSICA: DEL FELIZ E ORQUESTRA SISALEIRA | Comendador Orácio Upia, a quem mandou o enequem chegando aqui virou sisal. O sertanejo que é de fibra se amarrou. Eita laço especial. Nosso povo plantou, colheu alegria. com suro transformou a nossa região. braço forte do Sevador deu a vida. Uma flecha imponente que ergueu a semente do nosso sertão. | Comendador Orácio Upia, who sent the equipment here, turned it into sisal. The sertanejo, who is all about fiber, embraced it. What a special bond. Our people planted, harvested joy. With sweat, they transformed our region. The strong arm of the laborer gave life. An imposing arrow that raised the seed of our sertão. | Comendador Orácio Upia, a quien mandó el encomienda, al llegar aquí se convirtió en sisal. El sertanejo, que es de fibra, se ató. ¡Vaya lazo especial! Nuestro pueblo sembró, cosechó alegría, hizo de la lucha, con su trabajo transformó nuestra región. El fuerte brazo de Sevador dio la vida. Una flecha imponente que levantó la semilla de nuestro sertão. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | Olha, o sisal tem uma importância enorme para todos nós, né, da do semiárido do da Bahia, né? Sisal começou foi o sisal é uma planta de origem mexicana que veio pro Brasil na década de de 40, se adaptou bem ao clima do semiárido baiano. | Look, sisal is hugely important for all of us in the semi-arid region of Bahia, right? Sisal is a plant originally from Mexico that came to Brazil in the 1940s and adapted well to the climate of the Bahian semi-arid region. | Mira, el sisal tiene una importancia enorme para todos nosotros, ¿verdad?, del semiárido de Bahia, ¿verdad? El sisal comenzó, es una planta de origen mexicano que llegó a Brasil en la década de los 40, se adaptó bien al clima del semiárido baiano. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Sob o calor intenso e as sombras de fileiras de motores girados incessantemente, o sisal consolidou Conceição do Coité no mapa global. Por décadas, a fibra foi sustentada por uma economia que elevou o município a patamares surpreendentes. | Under the intense heat and the shadows of rows of endlessly spinning engines, sisal established Conceição do Coité on the global map. For decades, the fiber sustained an economy that elevated the municipality to remarkable heights. | Bajo el calor intenso y las sombras de filas de motores girando sin cesar, el sisal consolidó a Conceição do Coité en el mapa global. Durante décadas, la fibra sostuvo una economía que elevó al municipio a niveles sorprendentes. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | Passa a fazer parte da nossa identidade, da nossa economia, do nosso povo, a partir de um de um de um de uma de um projeto, de um programa governamental, né? Na Bahia era interventor federal, no caso o que hoje entendemos como governador, o Landufo Alves. Ele era agrônomo de formação. Ele, por exemplo, é é que faz o primeiro aviário público da Bahia. Então, ele tinha essa pegada da agropecuária na sua gestão como interventor na época lá de de Vargas, do Estado Novo. E aí, como busca de uma solução pro semiárido, é que é implantado o sisal, o agave aqui em nossa região. Então, é a a partir daí da década de 40 que o sisal chega de forma ornamental inicialmente, mas depois como forma de atividade econômica para alavancar o nosso desenvolvimento, né? E a partir daí, da década de 40 para cá, século XXI, o sisal tá presente em tudo, né? | It became part of our identity, our economy, our people, through a government project or program, right? In Bahia, the federal intervener at the time—what we now understand as the governor—was Landulfo Alves. He was trained as an agronomist. For example, he built the first public aviary in Bahia. So he had this agricultural focus in his administration as intervener during Vargas’ Estado Novo. Seeking a solution for the semi-arid region, sisal, the agave, was introduced here in our region. From the 1940s onward, sisal arrived first as an ornamental plant, but later as an economic activity to boost our development. Since then, from the 1940s to the 21st century, sisal has been present in everything. | Pasa a formar parte de nuestra identidad, de nuestra economía, de nuestro pueblo, a partir de un proyecto, de un programa gubernamental, ¿no? En Bahia era interventor federal, en el caso lo que hoy entendemos como gobernador, Landulfo Alves. Él era agrónomo de formación. Él, por ejemplo, es el que hace el primer aviario público de Bahia. Entonces, él tenía esa inclinación hacia la agropecuaria en su gestión como interventor en la época de Vargas, del Estado Novo. Y ahí, como búsqueda de una solución para el semiárido, es que se implanta el sisal, el agave aquí en nuestra región. Entonces, es a partir de ahí, de la década de 40, que el sisal llega de forma ornamental inicialmente, pero después como forma de actividad económica para impulsar nuestro desarrollo, ¿no? Y a partir de ahí, de la década de 40 hasta ahora, siglo XXI, el sisal está presente en todo, ¿no? | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Reconhecido como mais que uma matéri prima, o Sisal foi transformado em sobrevivência, símbolo e moeda. | Recognized as more than just a raw material, sisal was transformed into survival, a symbol, and currency. | Reconocido como más que una materia prima, el sisal se transformó en supervivencia, símbolo y moneda. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | E se destacou de tal forma que há períodos na história do Brasil que só se fala em dólar, Rio, São Paulo, Recife e Conceição do Coité. A moeda que era o Sisal. | And it stood out so much that there are periods in Brazil’s history when people only talked about dollars, Rio, São Paulo, Recife, and Conceição do Coité. The currency back then was sisal. | Y se destacó de tal forma que hay períodos en la historia de Brasil en los que solo se habla de dólar, Río, São Paulo, Recife y Conceição do Coité. La moneda era el sisal | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Entre as terras coiteenses destacou-se um marco importante, o assentamento Nova Palmares. Nas terras anteriormente dominadas por grandes fazendas, raízes foram fincadas por trabalhadores sem terra. E a geografia social do lugar foi reescrita. | Amid the lands of Coité, an important milestone emerged: the Nova Palmares settlement. On lands once dominated by large estates, roots were planted by landless workers, and the social geography of the area was rewritten. | Entre las tierras coiteenses destacó un hito importante, el asentamiento Nueva Palmares. En terrenos anteriormente dominados por grandes haciendas, los trabajadores sin tierra echaron raíces. Y la geografía social del lugar fue reescrita. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | Seu Teócrito Cunha, que já era exportador de sisal, multiplicou a riqueza dele. | Mr. Teócrito Cunha, who was already a sisal exporter, multiplied his wealth. | Don Teócrito Cunha, que ya era exportador de sisal, multiplicó su riqueza | | ROBERTO LOPES - ESCRITOR | Teocrito Calisto, que foi prefeito, foi deputado, um dos homens mais ricos da Bahia na época, foi ele quem quem mais causou a povoação de Coité, mandando buscar no Ceará, na Paraíba, em Pernambuco, mandar buscar gente, porque na hora que chegou para desfibrar o sisal, não tinha gente aqui. Coité não tinha gente. Aí ele mandava caminhões e caminhões e buscar a gente lá no Nordeste e veio para cá. E aí, pronto, a cidade começou a desenvolver, crescer, desenvolver. Ele tinha uma fazenda muito grande, né, ali o Biribau, onde onde hoje são sem terra, o Batom e Nova Palmares. | Teócrito Calisto, who was a mayor and a deputy, one of the richest men in Bahia at the time, was the one who really spurred the settlement of Coité. He sent people to be brought from Ceará, Paraíba, and Pernambuco, because when it came time to defiber the sisal, there was no workforce here. Coité didn’t have people. So he sent truckloads to bring workers from the Northeast, and that’s how the city started to develop and grow. He had a very large farm, Biribau, where today are the communities of Sem Terra, Batom, and Nova Palmares. | Teócrito Calisto, que fue alcalde, fue diputado, uno de los hombres más ricos de Bahia en la época, fue él quien más impulsó la población de Coité, mandando traer gente de Ceará, de Paraíba, de Pernambuco, porque cuando llegó el momento de desfibrar el sisal, no había gente aquí. Coité no tenía gente. Entonces él mandaba camiones y camiones a buscar gente allá en el Nordeste y vinieron para acá. Y ahí, listo, la ciudad empezó a desarrollarse, crecer, desarrollarse. Él tenía una hacienda muy grande, ¿no?, allí en Biribau, donde hoy están los sin tierra, Batom y Nova Palmares. | | URBANO CARVALHO - SINDICALISTA | E era a maior fazenda de cisal aqui da em toda a região. Era aqui. | And it was the largest sisal farm in the entire region. It was right here. | Y era la hacienda de sisal más grande de toda la región. Estaba aquí | | URBANO CARVALHO - SINDICALISTA | Ele chegou a ter 100 motores de sisal rodando na época. E tinha fileiras de casa, tinha casa em tudo quanto era lugar aqui que era pro pessoal morava nas casas, entendeu? E a gente tá aqui desde de de 98, 12 de janeiro de 98 a gente entrou pra fazenda. No dia 10 de agosto, saiu o decreto de desapropriação. No dia 17 dezembro saiu a emissão de posse. | He even had 100 sisal motors running at the time. There were rows of houses, houses everywhere for the workers to live in, you know? And we’ve been here since January 12, 1998, when we entered the farm. On August 10, the expropriation decree was issued. On December 17, the possession certificate was issued. | Él llegó a tener 100 motores de sisal funcionando en la época. Y tenía filas de casas, había casas por todos lados aquí que eran para que la gente viviera en las casas, ¿entiende? Y nosotros estamos aquí desde el 98, el 12 de enero del 98 entramos a la hacienda. El día 10 de agosto salió el decreto de expropiación. El día 17 de diciembre salió la emisión de posesión | | PAULO MARCOS - NARRADOR | A história de Coité, porém, também foi tecida pelo embate de cores. Os vermelhos identificados com a direita local e conservadorismo histórico. E os azuis, alinhados ao centro político, disputaram ao longo dos anos não apenas o poder político, mas também a narrativa que moldou o município. | The history of Coité, however, was also woven through a clash of colors. The reds, associated with the local right and historical conservatism, and the blues, aligned with the political center, vied over the years not only for political power but also for the narrative that shaped the municipality. | La historia de Coité, sin embargo, también fue tejida por el enfrentamiento de colores. Los rojos, identificados con la derecha local y el conservadurismo histórico, y los azules, alineados al centro político, disputaron a lo largo de los años no solo el poder político, sino también la narrativa que dio forma al municipio. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | A medida que o sisal vai se popularizando e trazendo recurso financeiro e ganho econômico, pessoas ligadas, empresários ligados ao ao sisal vão entrar na política. E aí a partir de 72 um marco que é a eleição do Hamilton Rios. Hamilton Rios de Araújo, líder político dos vermelhos em Coité. Ele é alguém que que é um empresário do sisal que entra na política. E quem é oposição a ele, que são os azuis, é Misael Ferreira e são outros que também são empresários do sisal. Então você vê dos dois lados ali empresários da do ramo que ganham muito dinheiro vendendo, produzindo e exportando e que politicamente são e são eh eh se se degladiam ali, né? | As sisal became more popular and brought financial resources and economic gains, people connected to the sisal business started entering politics. And from 1972, there was a milestone: the election of Hamilton Rios. Hamilton Rios de Araújo, a political leader of the “reds” in Coité, was a sisal businessman who entered politics. His opposition, the “blues,” included Misael Ferreira and others, who were also sisal entrepreneurs. So you see, on both sides there were businessmen from the industry making a lot of money producing, selling, and exporting, and politically, they were clashing fiercely. | A medida que el sisal se va popularizando y trayendo recursos financieros y beneficios económicos, personas vinculadas, empresarios ligados al sisal, empiezan a entrar en la política. Y a partir del 72, hay un hito importante: la elección de Hamilton Rios. Hamilton Rios de Araújo, líder político de los "rojos" en Coité. Es un empresario del sisal que entra en la política. Y su oposición, los "azules", está representada por Misael Ferreira y otros empresarios del sisal. Entonces, se puede ver que, en ambos bandos, hay empresarios del sector que ganan mucho dinero vendiendo, produciendo y exportando, y que, políticamente, se enfrentan entre sí. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | Não, eu acho que não. Eu acho que na realidade meu pai quando entrou na política na em 1972, eh meu pai entrou muito mais, meu pai não gostava de política, né? Ele eh eu me lembro que minha mãe dizia que ela ia pros comícios na época era de seu EVÓDIO e meu pai ficava em casa ou então ia pro jogo de futebol no estádio. Mas de uma hora para outra fui despertado nele à vontade da política porque desafiaram quando seu Evódio perdeu em 1970. Se não me falha a memória para seu Pinheiro, Dr. Pinheiro. Isso. E aí desafiaram em Coité não tem ninguém para derrotar os azuis. E pelo que a história que me contam é que aquilo mexeu com os brios de meu pai e de meu tio Everto que eram sócios na época, tava começando como empresário do SISAL. | No, I don’t think so. I think, in reality, when my father entered politics in 1972, he got involved much more out of circumstance—my father didn’t like politics, you know? I remember my mother saying she went to the rallies back then with Seu Evódio, and my father stayed home or went to football games at the stadium. But suddenly, something awakened in him—a political drive—because they were challenged when Mr. Evódio lost in 1970, if I remember correctly, to Dr. Pinheiro. And then they challenged, saying there was no one in Coité to defeat the “blues.” From what history tells me, that stirred the pride of my father and my uncle Everto, who were partners at the time, just starting out as sisal entrepreneurs. | No, creo que no. En realidad, cuando mi padre entró en la política en 1972, lo hizo de una manera muy distinta. Mi padre no era un apasionado de la política. Recuerdo que mi madre decía que ella iba a los mítines de campaña en la época de don Evódio, mientras que mi padre se quedaba en casa o iba a los partidos de fútbol en el estadio.

Pero, de repente, despertó en él el deseo de participar en la política porque lo desafiaron cuando don Evódio perdió en 1970, si no me falla la memoria, contra don Pinheiro, el Dr. Pinheiro. Y entonces, en Coité, alguien dijo que no había nadie capaz de derrotar a los "azules".

Según la historia que me cuentan, ese desafío tocó el orgullo de mi padre y de mi tío Everto, quienes en ese momento eran socios y estaban comenzando como empresarios del sisal. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | Então de dessa década aí de 70 principalmente quando se cristaliza na política esses dois grupos políticos em Coité, você tem a política caminhando com essa questão econômica do sisal. Tanto é que Misael Ferreira como deputado sempre estava buscando e essa discussão do do da compra do sisal pelo governo estadual. | So, from that decade—the 1970s especially—when these two political groups in Coité became established, you see politics moving alongside the sisal economy. In fact, Misael Ferreira, as a deputy, was always pushing for discussions about the government buying sisal. | Entonces, en esa década de los 70, principalmente cuando se cristalizan en la política estos dos grupos políticos en Coité, la política avanza junto con esta cuestión económica del sisal. Tanto es así que Misael Ferreira, como diputado, siempre estaba buscando y discutiendo la compra del sisal por parte del gobierno estatal. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | Então eu acho que não existe nenhuma relação entre o o poder e o sisal ou a política. Eu acho que são coisas independentes. | So, I don’t think there’s any relationship between power and sisal or politics. I think they are independent things. | Entonces, creo que no existe ninguna relación entre el poder, el sisal o la política. Creo que son cosas independientes. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Conceição do Coité foi construído como um mosaico, indo do árduo trabalho manual ao refinamento das exportações. | Conceição do Coité was built as a mosaic, spanning from arduous manual labor to the refinement of exports. | Conceição do Coité se construyó como un mosaico, desde el arduo trabajo manual hasta el refinamiento de las exportaciones. | | ROBERTO LOPES - ESCRITOR | Muita gente plantou e aí foi a região toda. Não foi só Coité, aí foi a região toda. Foi Valente, Santa Luz e Retirolândia. E aí foi crescendo, crescendo e hoje grande parte da Bahia tem sisal. | Many people planted it, and then it spread throughout the whole region. It wasn’t just Coité—it was Valente, Santa Luz, and Retirolândia. And then it kept growing, and today a large part of Bahia has sisal. | Mucha gente plantó y entonces fue toda la región. No fue solo Coité, fue toda la región. Fue Valente, Santa Luz y Retirolândia. Y así fue creciendo, creciendo y hoy una gran parte de Bahía tiene sisal. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | Depois veio a exportação com Hamilton Rios, depois veio a exportação com Misael. Em Retirolândia, Adelío, Adevaldo juntos se tornaram exportadores. Em São Domingos, eh, Florisvaldo se tornou exportador. em Valente, teve Tazã que foi exportador, teve João do Padre também exportador do sisal em Santa Luz. Nelson Oliveira e Nilton Oliveira fizeram tiveram um apogeu imenso. | Then came the exports with Hamilton Rios, followed by Misael. In Retirolândia, Adelío and Adevaldo became exporters together. In São Domingos, Florisvaldo became an exporter. In Valente, there was Tazã, who was an exporter, and João do Padre, also a sisal exporter in Santa Luz. Nelson Oliveira and Nilton Oliveira reached a huge peak. | Después vino la exportación con Hamilton Ríos, luego la exportación con Misael. En Retirolândia, Adelío y Adevaldo juntos se convirtieron en exportadores. En São Domingos, Florisvaldo se convirtió en exportador. En Valente, estuvo Tazã, que fue exportador, y también João do Padre. En Santa Luz, Nelson Oliveira y Nilton Oliveira tuvieron un apogeo inmenso. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | E foi aí que meu pai entrou na na política e passou a dedicar sua vida inteira na pra política, né? Meu pai foi sócio de meu tio eh de 1967 a 1980. E meu pai foi, meu tio foi um grande sustentáculo, né? Porque meu pai passou a se dedicar muito tempo. Basicamente ele abandonou a vida empresarial e se dedicou à vida política. E meu tio foi que sustentou isso até a década até 1980. Depois ele se tornou sócio de um outro coiteense, Eduardo Mateus, que era primo dele. E ficaram sócios até em 1990, quando eu assumi, entrei como sócio do meu pai aos 20 anos de idade. | And that’s when my father entered politics and devoted his whole life to it, right? My father was a partner of my uncle from 1967 to 1980. My uncle was a great support because my father started dedicating most of his time to politics, basically leaving the business life behind. My uncle kept the business running until 1980. Later, he became a partner with another Coité native, Eduardo Mateus, who was his cousin. They remained partners until 1990, when I took over and became my father’s partner at the age of 20. | Y fue ahí cuando mi padre entró en la política y pasó a dedicar toda su vida a ella, ¿no? Mi padre fue socio de mi tío desde 1967 hasta 1980. Y mi tío fue un gran sostén, ¿no? Porque mi padre comenzó a dedicarse mucho tiempo a la política. Básicamente, abandonó la vida empresarial y se enfocó en la política. Y fue mi tío quien sostuvo todo esto hasta la década de 1980. Después, mi padre se convirtió en socio de otro coiteense, Eduardo Mateus, que era su primo. Fueron socios hasta 1990, cuando yo asumí y entré como socio de mi padre a los 20 años de edad. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | E os proprietários de fazenda, os proprietários de sisal viviam muito bem. A Eles puderam adquirir carros. Não é à toa que Coité se tornou assim uma cidade tão rica, eh, digamos assim, mais rica do que muitas cidades com população maior do que Coité. | And the farm owners, the sisal owners, lived very well. They were able to buy cars. It’s no wonder Coité became such a wealthy city—let’s say, richer than many cities with a larger population than Coité. | Y los propietarios de haciendas, los dueños de sisal, vivían muy bien. Pudieron adquirir autos. No es por casualidad que Coité se convirtió en una ciudad tan próspera, digamos, más rica que muchas ciudades con una población mayor que Coité. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | A história de Coité, ela vai caminhando, né? Você vai, você tem os povoados, as comunidades que tem pessoas que plantam o sisal, que vivem no sisal e aí entra como elemento da nossa identidade, né? Não tem como tirar isso e não tem como falar da história de Coité. dos anos 40 do século XX para cá, sem falar do Sisal. | The history of Coité moves along, right? You have the villages, the communities with people who plant sisal, who live off sisal, and it becomes an element of our identity. You can’t separate it, and you can’t talk about the history of Coité from the 1940s onward without mentioning sisal. | La historia de Coité va avanzando, ¿no? Tienes los pueblos, las comunidades con personas que cultivan el sisal, que viven del sisal, y eso se convierte en un elemento de nuestra identidad, ¿no? No se puede quitar eso ni hablar de la historia de Coité desde los años 40 del siglo XX hasta hoy sin mencionar el sisal. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | A história do sisal e a história de Coité se confundem, né? Porque Coité sempre foi conhecida como a rainha do sisal. Eh, as principais indústrias de sisal sempre estiveram aqui em Conceição do Coité. Hoje Coité eh constitui polo sisaleiro em termos de indústria, de produção de fios, cordas, tapetes e telas. Então, a história de Coité se confunde com a história do sisal. Então, eu não consigo visualizar ou falar de sisal sem falar de Coité ou falar de Coité sem falar de sisal. | The history of sisal and the history of Coité are intertwined, right? Because Coité has always been known as the queen of sisal. The main sisal industries have always been here in Conceição do Coité. Today, Coité is a sisal hub in terms of industry, producing threads, ropes, rugs, and mats. So, the history of Coité merges with the history of sisal. I can’t really talk about sisal without mentioning Coité, or talk about Coité without mentioning sisal. | La historia del sisal y la historia de Coité se confunden, ¿no? Porque Coité siempre ha sido conocida como la reina del sisal. Las principales industrias de sisal siempre estuvieron aquí en Conceição do Coité. Hoy, Coité constituye un polo sisalero en términos de industria, producción de hilos, cuerdas, alfombras y telas. Entonces, la historia de Coité se mezcla con la historia del sisal. No puedo visualizar o hablar de sisal sin hablar de Coité, ni hablar de Coité sin hablar de sisal. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Uma terra onde o passado marcado por disputas políticas e conquistas econômicas encontra o presente ainda tecido pela força de um povo que tem se recusado a desistir. O sisal não apenas fibra foi e continua sendo a essência de uma terra determinada a viver. | A land where the past, marked by political disputes and economic achievements, meets the present, still woven by the strength of a people who refuse to give up. Sisal was not just a fiber; it has been and continues to be the essence of a land determined to thrive. | Una tierra donde el pasado, marcado por disputas políticas y conquistas económicas, se encuentra con un presente todavía tejido por la fuerza de un pueblo que se niega a rendirse. El sisal no solo fue una fibra; sigue siendo la esencia de una tierra decidida a vivir. | | ASCENSÃO - MÚSICA DE FERNANDA SANTOS | quem olha pensa que estou morta que Agora é a minha ascensão. Também pareço com o Sisal. Pode haver seca total, mas eu não me deixo morrer. Eu faço é crescer com uma força brutal. Quanto mais o motor me bate, mais fibra descubro que existe em mim. No final eu viro arte infinita a vida que emana aqui. Na solidão eu Me transformo e reúno forças para prosseguir. Na dificuldade eu transbordo sertanejo forte que existe em mim. | Who looks at me might think I’m dead, but now is my rise. I also resemble sisal. There may be total drought, but I don’t let myself die. I grow with brutal strength. The more the machine beats me, the more fiber I discover within me. In the end, I become infinite art—the life that flows here. In solitude, I transform and gather strength to carry on. In difficulty, I overflow with the strong sertanejo spirit within me. | | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Por décadas, o sisal foi a espinha dorsal da economia de Coité. Era ele que alimentava as famílias, movimentava o comércio, sustentava a vida, mas o tempo trouxe desafios. | For decades, sisal was the backbone of Coité's economy. It was what fed families, drove trade, and sustained life, but time brought challenges. | Durante décadas, el sisal fue la columna vertebral de la economía de Coité. Era lo que alimentaba a las familias, movía el comercio y sostenía la vida, pero el tiempo trajo desafíos. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | Há um boom de busca da... das fibras, né, naturais aqui do sisal, principalmente porque os principais produtores da Ásia estavam ocupados pelos japoneses. Há uma busca, daí a pouco há uma queda. Então é, esses ciclos, eles... eles estão... Chegou o momento que o pessoal aqui em Coité tocou fogo em sisal porque não valia nada, né? E aí hoje o agave, o... o sisal é... continua com essa dicotomia, continua com essa... com essa necessária reflexão do... do futuro. Eh, o sisal é um... um... uma planta que ela é sustentável, então ela existe um discurso importante para defender o sisal, porque... Porque ela... ela... ela é ecologicamente correta, né? | There was a boom in demand for natural fibers, especially sisal, mainly because the main producers in Asia were occupied by the Japanese. Then demand dropped. These cycles… they exist. At one point, people here in Coité even set sisal fields on fire because it was worthless. Today, agave, sisal, still carries this dichotomy and requires reflection about the future. Sisal is a sustainable plant, so there’s an important case to be made for defending it, because it is ecologically correct. | Hay un auge en la búsqueda de... de las fibras naturales del sisal, principalmente porque los principales productores de Asia estaban ocupados por los japoneses. Hay una demanda, luego, poco después, hay una caída. Entonces, estos ciclos... Llegó un momento en que la gente aquí en Coité prendió fuego al sisal porque no valía nada, ¿no? Y hoy el agave, el sisal, sigue con esta dicotomía, sigue con esta necesaria reflexión sobre el futuro. El sisal es una planta sostenible, por lo que existe un discurso importante para defender el sisal, porque... porque es ecológicamente correcta, ¿no? | | IANA ARAÚJO - Engenheira Civil | E aí o que é que a gente fez desses 120 anos para cá? Destruímos uma cadeia complexa de floresta que é naturalmente abundante. A gente tinha muitas frutas, muitas espécies que tinham alimentos para todos os tipos de animais, né? Desde os pequenininhos até os maiores possíveis. E implantamos a cadeia do sisal, que não é nem nativo daqui, mas que bom que ele se adaptou muito bem aqui. né? Inclusive hoje gera renda para muitas pessoas e muitas famílias. Muito legal isso. É uma planta que é fantástica. Porém, o que é que ocorre? Que a gente viveu ano passado uma estiagem de aproximadamente 9 meses e em torno de 5 meses os motores parados e muitas famílias, como o outro companheiro falou antes ali, que estão lá na cadeia, lá embaixo, fazendo todo esse processo produtivo acontecer, passam por dificuldades muito grandes. Então, que a gente possa ter essa renda diversificada nos campos de sisal mesmo, | So what have we done in the past 120 years? We destroyed a complex forest chain that was naturally abundant. We had many fruits, many species providing food for all kinds of animals, from the tiniest to the largest. And we implemented the sisal chain, which isn’t even native here, but fortunately it adapted very well. Today it generates income for many people and families. It’s really great. It’s a fantastic plant. However, what happens is that last year we experienced a drought of about nine months, and for around five months the motors were stopped. Many families, as another colleague mentioned earlier, who are down there in the production chain making all this happen, go through very hard times. So, we need to have diversified income even within the sisal fields themselves. | ¿Y entonces qué hemos hecho en estos últimos 120 años? Destruimos una cadena compleja de bosques que era naturalmente abundante. Teníamos muchas frutas, muchas especies que proporcionaban alimento para todo tipo de animales, ¿no? Desde los más pequeños hasta los más grandes. Implantamos la cadena del sisal, que ni siquiera es nativo de aquí, pero qué bueno que se adaptó muy bien, ¿no? Incluso hoy genera ingresos para muchas personas y muchas familias. Eso es algo muy positivo. Es una planta fantástica.

Sin embargo, ¿qué ocurre? El año pasado vivimos una sequía de aproximadamente 9 meses y durante unos 5 meses los motores estuvieron parados. Muchas familias, como mencionó otro compañero antes, que están en la base de esta cadena, haciendo que todo el proceso productivo suceda, pasan por grandes dificultades. Por eso, es fundamental que podamos diversificar los ingresos dentro de los campos de sisal. | | Wilson Andrade - presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia (Sindifibras) | que a curva de queda da produção e de área plantada que vem há 30 anos em decorrência da competição com produtos tecnológicos como a área de fósseis, o petróleo, o plástico e tal, isso mostra já uma curva e uma tendência de crescimento de 1,2% nos próximos 10 anos. Pela primeira vez em 30 anos, a produção brasileira... A produção mundial de sisal, que já foi 30 anos atrás, 800.000 toneladas no mundo, quando o Brasil produzia 200.000. Nós temos hoje um mercado de 250.000 toneladas, dos quais o Brasil participa com 50% dessa posição, dessas vendas internacionais e da produção. | The decline in production and planted area over the past 30 years, due to competition with technological products like fossil fuels, petroleum, plastic, and so on, now shows a growth trend of 1.2% over the next 10 years. For the first time in 30 years, Brazilian production… The world’s sisal production, which 30 years ago was 800,000 tons globally while Brazil produced 200,000, now totals 250,000 tons, with Brazil accounting for 50% of international sales and production. | La curva de caída de la producción y del área plantada, que ha ocurrido en los últimos 30 años debido a la competencia con productos tecnológicos como los derivados de fósiles, el petróleo y el plástico, ya muestra una tendencia de crecimiento del 1,2% en los próximos 10 años.

Por primera vez en 30 años, la producción brasileña... La producción mundial de sisal, que hace 30 años alcanzaba las 800.000 toneladas en todo el mundo, cuando Brasil producía 200.000, hoy cuenta con un mercado de 250.000 toneladas, de las cuales Brasil representa el 50% de esta producción y de las ventas internacionales. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Com o avanço das fibras sintéticas, o valor do sisal começou a cair e o que foi a luta, uma luta diária travada por um povo que busca manter viva a cultura e o trabalho que o sustenta. | With the rise of synthetic fibers, the value of sisal began to decline, and what was once a daily struggle became a fight for a people striving to keep alive the culture and work that sustain them. | Con el avance de las fibras sintéticas, el valor del sisal comenzó a disminuir, y lo que siguió fue una lucha diaria emprendida por un pueblo que busca mantener viva la cultura y el trabajo que lo sustenta. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Estamos acompanhando a realização da primeira conferência do sisal, um encontro que reúne agricultores, produtores, empresários, organizações governamentais e não governamentais em povoado de Nova Palmares. | We are witnessing the first sisal conference, a gathering that brings together farmers, producers, businesspeople, governmental and non-governmental organizations in the village of Nova Palmares. | Estamos presenciando la realización de la primera conferencia del sisal, un encuentro que reúne a agricultores, productores, empresarios, organizaciones gubernamentales y no gubernamentales en el poblado de Nueva Palmares. | | Rene do Sindicato - Sindicalista | Precisamos fortalecer a Câmara Setorial do Sisal que tá engateando, começando agora, começou em fevereiro, certo? E dizer assim, é o momento de a gente mostrar a nossa força, porque pela primeira vez a gente tem um setor que realmente representa especificamente o sisal, que é a câmara setorial específica pro sisal. Não podemos perder essa oportunidade, não podemos deixar um evento desse passar de liso e de... e amanhã ou depois ser mais um evento. Temos que pegar esse momento e numa luta forte, com fé e com objetivo de vencer. | We need to strengthen the Sisal Sector Chamber, which is just getting started—it began in February, right? And we need to say: this is the moment to show our strength, because for the first time we have a sector that truly represents sisal, the specific sector chamber for sisal. We can’t miss this opportunity, can’t let an event like this pass by and just be another event tomorrow or the day after. We have to seize this moment and fight strongly, with faith and the goal of winning. | **Necesitamos fortalecer la Cámara Sectorial del Sisal, que está dando sus primeros pasos, comenzando ahora, en febrero, ¿cierto? Y decir que este es el momento de mostrar nuestra fuerza, porque por primera vez tenemos un sector que realmente representa específicamente al sisal, que es la cámara sectorial dedicada exclusivamente a él.

No podemos perder esta oportunidad, no podemos dejar que un evento como este pase desapercibido y que mañana o pasado sea solo un evento más. Tenemos que aprovechar este momento y luchar con determinación, con fe y con el objetivo de vencer.** | | Rafael Mota, coordenador da conferência e membro da Câmara Técnica do Sisal | Esperávamos, né, pra primeira conferência de sisal... aproximadamente de 500 produtores, né, e pessoas, trabalhadores, donos de motor ligado à sisalcultura e fomos surpreendido com aproximadamente 900 a 1000 pessoas nesse evento. | We were expecting, right, for the first Sisal Conference… around 500 producers, workers, and motor owners involved in sisal cultivation, but we were surprised with approximately 900 to 1,000 people at the event. | Esperábamos, ¿no?, para la primera conferencia de sisal... aproximadamente 500 productores, ¿no?, y personas, trabajadores, dueños de motores ligados a la sisalicultura, y nos sorprendimos con aproximadamente 900 a 1000 personas en este evento. | | IVO NAVES - CÂMARA SETORIAL DO SISAL | É a primeira vez que se sabe... se saiba que a sisalicultura reuniu o número de pessoas dessa magnitude. | It’s the first time anyone knows… that sisal cultivation has gathered such a large number of people. | Es la primera vez que se sabe… que se tenga conocimiento de que la sisalicultura reunió a un número de personas de esta magnitud. | | Roquinho - Integrante da Conferência | É preciso desburocratizar, senão a gente vai ficar o tempo todo vindo para cá discutir, ficando velho, cabelo branco e a gente não vê... precisava avançar de forma nenhuma. | We need to cut the red tape, otherwise we’ll keep coming here to discuss, getting old, hair turning white, and we won’t see any progress at all. | Es necesario desburocratizar, si no, nos pasaremos todo el tiempo viniendo aquí a discutir, envejeciendo, con el cabello blanco, y no veremos… no lograremos avanzar de ninguna manera.v | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Momentos marcantes desta trajetória foram registrados em diversas ocasiões. Em 2013, a universidade foi palco de um evento significativo, enquanto em 2016 o Centro Cultural acolheu outro importante encontro. | Key moments of this journey were recorded on various occasions. In 2013, the university hosted a significant event, while in 2016, the Cultural Center welcomed another important gathering. | Momentos destacados de esta trayectoria fueron registrados en diversas ocasiones. En 2013, la universidad fue escenario de un evento significativo, mientras que en 2016 el Centro Cultural acogió otro importante encuentro. | | Misael Ferreira - Empresário do Sisal | É a realidade do futuro de Coité, não só de Coité, como da região sisaleira e o de sisal em si. Então hoje aqui através da orientação do prefeito... nós estamos muito felizes porque se concretizou um grupo para desenvolver esse trabalho e com fé em Deus nós vamos tocar pra frente. | It’s the reality of Coité’s future, not just Coité, but the entire sisal region and sisal itself. Today, under the guidance of the mayor, we’re very happy because a group was formed to carry out this work, and with God’s help, we’re going to move it forward. | Es la realidad del futuro de Coité, no solo de Coité, sino de la región sisalera y del sisal en sí. Entonces, hoy aquí, a través de la orientación del alcalde... estamos muy felices porque se concretó un grupo para desarrollar este trabajo y, con fe en Dios, lo sacaremos adelante. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Além disso, resgatamos memórias históricas de encontros que remontam a década de 1950, destacando a profunda ligação entre a comunidade e a rica cultura do sisal, que moldou gerações em Coité e região. | In addition, we have revived historical memories of meetings dating back to the 1950s, highlighting the deep connection between the community and the rich culture of sisal, which shaped generations in Coité and the surrounding region. | Además, rescatamos recuerdos históricos de encuentros que se remontan a la década de 1950, destacando la profunda conexión entre la comunidad y la rica cultura del sisal, que ha moldeado generaciones en Coité y la región. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | os anais da segunda convenção do sisal de 1956, foi realizada em Serrinha e Coité e em Valente, mas Valente era município de Coité e tem um livro de seu José Ramos Filho, que é um senhor, era um senhor de Valente que se refere também ao sisal. E aqui eles dão assim... Tem uma história muito bonita. | The records of the second Sisal Convention from 1956 were held in Serrinha, Coité, and Valente—but Valente was a municipality of Coité at the time. There’s a book by José Ramos Filho, an elderly gentleman from Valente, that also refers to sisal. And here they share… there’s a very beautiful story. | Los anales de la Segunda Convención del Sisal de 1956 se llevaron a cabo en Serrinha, Coité y Valente, pero en ese entonces Valente era un municipio de Coité. Hay un libro de don José Ramos Filho, que era un señor de Valente, en el que también se refiere al sisal. Y aquí cuentan… Tiene una historia muy bonita. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | O sisal trouxe trabalho, mas também trouxe a informalidade, a dureza de jornadas sem fim. Para muitos, o trabalho no sisal é uma corrida contra o tempo. Sempre incerto, sempre ameaçador. | Sisal brought work, but it also brought informality, the harshness of endless workdays. For many, working with sisal is a race against time. Always uncertain, always threatening. | El sisal trajo trabajo, pero también trajo informalidad, la dureza de jornadas sin fin. Para muchos, el trabajo en el sisal es una carrera contra el tiempo. Siempre incierto, siempre amenazante. | | URBANO CARVALHO - SINDICALISTA | Nessa era passada que havia aquela movimento e que havia aquelas denúncias chamada "terra do porta-braço". O sindicato fez manifestação que chegou a... a 500, 600, 1.000 pessoa, 3.000 pessoas manifestação e conseguimos garantir um auxílio acidente pelo um tempo e depois transformado em aposentadoria que foi a luta nossa a partir de 92. Houve um... um ministro do trabalho que veio a... à Riachão do Jacuípe na época e lá um... como tem aquelas... aqueles pessoal que querem... eh... se amostrar, teve um trabalhador com braço cortado, foi lá e passou uma folha com uma mão só. Aí o... o ministro chegou a dizer que para uma... na nossa luta era para que eles pudessem se aposentar. Ele disse que se para se aposentar era preciso que... que ele cortasse a outra porque ele já tá... tava podendo trabalhar porque passou uma... uma folha com toda dificuldade ali na máquina. | Back in that era, there was a movement and those complaints called the “land of the arm-holder.” The union held demonstrations that reached 500, 600, even 1,000, 3,000 people, and we managed to secure accident assistance for a time, which later became a retirement benefit—that was our fight starting in 1992. A labor minister came to Riachão do Jacuípe at the time, and there, as always, some people wanted to show off. A worker with a cut-off arm went there and showed a paper using only one hand. The minister then said that for retirement, he would have to cut the other arm because he was still able to work, despite having managed the machine with all that difficulty. | En esa época pasada, cuando había aquel movimiento y aquellas denuncias conocidas como la "tierra del porta-brazo", el sindicato organizó manifestaciones que llegaron a reunir 500, 600, 1.000, hasta 3.000 personas. Conseguimos garantizar un auxilio por accidente durante un tiempo, que después se transformó en jubilación, una lucha nuestra desde 1992.

Hubo un ministro de Trabajo que vino a Riachão do Jacuípe en aquella época y, como siempre hay gente que quiere llamar la atención, un trabajador con el brazo cortado se acercó y pasó una hoja con una sola mano. Entonces, el ministro llegó a decir que nuestra lucha era para que pudieran jubilarse, pero agregó que, para eso, tendría que cortarse el otro brazo, porque según él, aún podía trabajar, ya que logró pasar una hoja en la máquina, aunque con toda la dificultad. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Estudos apontam um impacto profundo dessa realidade nas mentes desses trabalhadores. O sofrimento psíquico... que nasce da insegurança, da falta de garantias para o futuro, o peso de uma rotina que consome mais do que corpos. | Studies point to a deep impact of this reality on the minds of these workers. The psychological suffering... born from insecurity, the lack of guarantees for the future, the weight of a routine that consumes more than just bodies. | Estudios señalan un impacto profundo de esta realidad en las mentes de estos trabajadores. El sufrimiento psíquico… que nace de la inseguridad, de la falta de garantías para el futuro, del peso de una rutina que consume más que cuerpos. | | Toinho - Trabalhador Rural | Eu carregava para trazer aqui pro campo de fibra de seu Louri. Era um jegue só para eu tirar fibra, ó. É. Ah, sabe quanto eu ganhava? 500. Você não sabe nem falar linguagem. 500 réis em kg. Entrevistador: 500 réis? Era 2.000 réis. Eu tinha para eu ganhar 5.000, eu trabalhei o... uma semana para ganhar 5.000 réis. Eu... 5.000 era vermelho. Entrevistador: Mas peraí, esses 5.000 comprava o quê? Comprava um bando de coisa. Entrevistador: Fazia uma feira? Pra muita gente não, mas pra... Entrevistador: Sim. Aí com 7 anos? …com 7 anos eu botava, eu panhava de lá... da Fusca, que é lá de June. Eu tenho uma roça, vizinho, lá da Fusca e trazia para aqui, ó, para ali. | I used to carry fiber from Seu Louri’s field here. It was just me and a donkey to get the fiber, see? Yeah. Do you know how much I earned? 500—you can’t even say it right. 500 réis per kilo. Interviewer: 500 réis? It was 2,000 réis. I had to work a week to earn 5,000 réis. I… 5,000 was “red.” Interviewer: Wait, what could you buy with those 5,000? I could buy a bunch of things. Interviewer: Could you stock up for a market? Not for many people, but for… Interviewer: Yes. And at 7 years old? …At 7 years old, I would go and gather from Fusca, which is in June. I have a small field, a neighbor’s, there in Fusca, and I’d bring it here, see, to there. | Yo cargaba para traer aquí al campo de fibra de su Louri. Era un burro solo para sacar fibra, ¿ves? Sí. Ah, ¿sabes cuánto ganaba? 500. Ni siquiera sabes hablar el lenguaje. 500 réis por kilo. Entrevistador: ¿500 réis? Era 2.000 réis. Yo tenía para ganar 5.000, trabajaba una... semana para ganar 5.000 réis. Yo... 5.000 era mucho. Entrevistador: Pero espera, ¿con esos 5.000 qué comprabas? Compraba un montón de cosas. Entrevistador: ¿Hacías una compra grande? Para mucha gente no, pero para... Entrevistador: Sí. ¿Y con 7 años? …con 7 años yo metía, yo recogía de allá... del Fusca, que está en June. Tengo una chacra, vecino, allá en Fusca y traía para aquí, ¿ves? Para allí. | | MARIA ELIANA - SINDICALISTA | Eu iniciei ali... eh... no final dos anos 90, quando o PETI estava no auge e dado as condições e a necessidade de orientar as famílias, surgiu ali o projeto Agente de Família... eh... promovido aí pelo MOC e as entidades parceira. E eu iniciei justamente ali nesse período quando fazia acompanhamento a oito comunidade com as mães, com as crianças do PETI, né, onde a gente fazia as visitas, fazia as reuniões, levava representantes tanto da sociedade civil quanto do poder público. Claro que naquele período foi muito desafiador porque... eh... o prefeito da época ele não entendia essa importância, né, e às vezes... eh... via a gente como alguém que tava querendo atrapalhar, mas na verdade a gente tava ali para ajudar no desenvolvimento para poder fazer com que a cidade passasse a ter um olhar diferencial... por quem estava lá fora, porque estava sendo visto como uma cidade que fazia exploração de mão de obra infantil. E isso tava ficando muito ruim, né? Não apenas em Concessão do Coité, mas em várias outras cidades, outros territórios, inclusive além do território do sisal. E a gente fez ali aquele... esse enfrentamento naquele período com várias ações, com vários eventos, com várias atividades, com o governo do estado, com a... a SETRE na época... eh... e as prefeituras que se envolveram com a sociedade civil, aquelas que tiveram um olhar mais apropriado para essa questão. As outras foram vindo aos poucos porque foram forçada, mas a gente conseguiu ali naquele período fazer o diferencial e fazer com que a família entendesse a importância do programa e a necessidade dos filhos estudar e não apenas ficar no trabalho. | I started back in the late 1990s, when PETI was at its peak. Given the conditions and the need to guide families, the Family Agent project emerged, promoted by MOC and partner organizations. I began precisely during that period, working with eight communities, visiting mothers and PETI children, conducting meetings, and bringing in representatives from both civil society and public authorities. Of course, at that time it was very challenging because the mayor then didn’t understand the importance of this work and sometimes saw us as people trying to interfere, when in fact we were there to help development and make the city be seen differently—because it was being perceived as a place exploiting child labor. This was a serious problem, not just in Conceição do Coité, but in several other cities and territories, even beyond the sisal region. During that period, we faced this challenge with many actions, events, and activities, working with the state government, SETRE at the time, and municipalities that engaged with civil society and took a more appropriate view of the issue. Others joined gradually, because they were compelled to, but we managed to make a difference and help families understand the importance of the program and the need for their children to study instead of just working. | Yo empecé allí... eh... a finales de los años 90, cuando el PETI estaba en su auge y, dadas las condiciones y la necesidad de orientar a las familias, surgió allí el proyecto Agente de Familia... eh... promovido por el MOC y las entidades colaboradoras. Y yo empecé justamente en ese período, cuando hacía el seguimiento de ocho comunidades con las madres, con los niños del PETI, ¿no? Donde hacíamos visitas, reuniones, llevábamos representantes tanto de la sociedad civil como del poder público.

Claro que en ese tiempo fue muy desafiante porque... eh... el alcalde de la época no entendía esa importancia, ¿no? Y a veces... eh... nos veía como alguien que quería estorbar, pero en realidad estábamos allí para ayudar en el desarrollo, para hacer que la ciudad pasara a tener una mirada diferente... por parte de quienes estaban afuera, porque estaba siendo vista como una ciudad que explotaba la mano de obra infantil. Y eso estaba siendo muy negativo, ¿no? No solo en Conceição do Coité, sino en muchas otras ciudades, otros territorios, incluso más allá del territorio del sisal.

Y enfrentamos eso en ese tiempo con varias acciones, varios eventos, varias actividades, con el gobierno del estado, con la SETRE en aquel entonces... eh... y los ayuntamientos que se involucraron con la sociedad civil, aquellos que tuvieron una mirada más adecuada sobre esta cuestión. Los otros fueron llegando poco a poco porque fueron presionados, pero conseguimos en ese período marcar la diferencia y hacer que las familias entendieran la importancia del programa y la necesidad de que sus hijos estudiaran y no solo se quedaran en el trabajo. | | Toinho - Trabalhador Rural | Que agulha escapoliu......eu tava com 17 anos já era para enganchar a agulha. Quem enganchar na... na própria palha de sisal, viu? Aí na hora que eu tava para enganchar, escapoliu da minha mão. Aí bateu aqui. Foi bater eu eu cair. Aí caí, levantei zonzo, aí acabei de enganchar e fui... levei a palha no motor e comadre Ninha era quem botava minha palha, mas nesse dia ela não pode ir, eu cortava, ela botava e aí eu tava cortando e botando, aí machucou. Aí como não tinha oculista aqui em Coité, eu deixei para ir no fim da semana pra Serrinha, no sábado. Quando eu cheguei lá no sábado, o oculista examinou, disse: "É, não tem mais." É. Não tem mais jeito não. Um... is... foi num sábado, no outro sábado eu fui de novo. Chego lá ele disse: "Não tem melhora nenhuma". E aí não adianta mais. Aí quando foi... tá com barro de uns 10 anos mais ou menos, rapaz, uma noite eu não dormia aqui, eu sevava e nesse tempo você sabe quem serva porque de vez em quando cai bagaço no olho, né? Aí não sei se caiu bagaço, não sei o que foi aí, rapaz. Mas eu não dormi de noite. Aí quando foi de manhã eu me piquei lá para onde que acontece. Quando cheguei lá disse: "não, não foi bagaço, seu olho criou pus..." | | Que la aguja se me escapó... yo tenía ya 17 años, ya era para enganchar la aguja. Uno engancha en... en la propia hoja del sisal, ¿sabes? Y justo en el momento en que iba a enganchar, se me escapó de la mano. Y me golpeó aquí. Me dio y me caí. Luego me levanté medio mareado, terminé de enganchar y fui... llevé la hoja al motor, y comadre Ninha era quien ponía mi hoja, pero ese día no pudo ir. Yo cortaba y ella ponía, pero ese día yo estaba cortando y poniendo, y ahí fue que me lastimé.

Como no había oftalmólogo en Coité, lo dejé para ir al final de la semana a Serrinha, el sábado. Cuando llegué allá, el oftalmólogo examinó y dijo: “Sí, ya no hay más”. Sí... ya no tenía solución. Fue un sábado... al siguiente sábado volví de nuevo. Llegué allá y me dijo: “No hay ninguna mejora”. Y ahí ya no había nada que hacer.

Y después, hace como unos 10 años, una noche no dormí aquí. Yo servía, y en ese tiempo, ya sabes, cuando uno sirve, de vez en cuando cae bagazo en el ojo, ¿no? No sé si fue bagazo, no sé qué fue, pero, muchacho... no dormí en toda la noche. Cuando amaneció, me fui corriendo para ver qué pasaba. Cuando llegué, me dijeron: “No, no fue bagazo, tu ojo está con pus...”. | | URBANO CARVALHO - SINDICALISTA | ...aquela reportagem da Record. Eh, eu acredito que a... a quem fez... fez de maneira... de propósito errado, com intuito de interesses maiores deles, entendeu? Porque a... Até hoje a gente sabe quem foi levar o repórter, a gente sabe quem foi, de quem foi o carro e até hoje ninguém sabe quem foi que... que é que levou a Record a fazer aquela... aquelas imagens, aquela... aquela reportagem que eu acho que... eh... tem que ter realmente denúncia na onde tem trabalho análogo à escravidão, tem que ter denúncia e o Ministério Público tem que tomar providência e a Polícia Federal também tem que tomar providência. | …that Record report. I believe that whoever did it did it on purpose, with their own bigger interests in mind, you know? Because… even today we know who took the reporter there, we know whose car it was, and still no one knows exactly who led Record to make those images, that report. I think there really should be investigations wherever there’s work analogous to slavery. There needs to be reporting, and the Public Prosecutor’s Office and the Federal Police must take action. | ...aquel reportaje de Record. Eh, yo creo que la... la persona que lo hizo... lo hizo de manera... intencionalmente equivocada, con fines de intereses mayores de ellos, ¿entiende? Porque hasta hoy sabemos quién llevó al reportero, sabemos de quién era el carro y hasta hoy nadie sabe quién fue que... que llevó a Record a hacer esas... esas imágenes, ese... ese reportaje que yo creo que... eh... realmente tiene que haber denuncia donde hay trabajo análogo a la esclavitud, tiene que haber denuncia y el Ministerio Público tiene que tomar medidas y la Policía Federal también tiene que actuar. | | José de Araújo Dono de Motor | Isso aqui é as coisas aqui é tudo diferente do que eles falam. Aí a gente tem ali 5 kg de carne para cozinhar, para almoçar meio-dia | Things here are completely different from what they say. Here, we have about 5 kg of meat to cook for lunch at noon. | Isso aquí es todo diferente de lo que ellos dicen. Ahí tenemos 5 kilos de carne para cocinar, para almorzar al mediodía. | | Paulo Marcos | E todo mundo vem de moto. Como é que é? | And everyone comes by motorcycle. How is that? | Reportero: ¿Y todos vienen en moto? ¿Cómo es eso? | | José de Araújo Dono de Motor | Todo mundo não tem negócio de carona não. Cada quem na sua, cada um tem seu transporte. Sete pessoas que tiver aqui tem sete motos. | Not everyone rides together. Everyone has their own—each person has their own transportation. Seven people here means seven motorcycles. | Aquí nadie anda pegando carona, no. Cada quien por su cuenta, cada uno tiene su transporte. Si hay siete personas aquí, tem siete motos. | | MARCELO ARÁUJO - EMPRESÁRIO E PREFEITO DE COITÉ | Por exemplo, a questão na mutilação, né, que se fala muito na mutilação no... na... nas plantações de sisal. Você sabe, você é da região do sisal, você vive aqui em Conceição do Coité e você sabe que você já não ouve... não vê mais, não ouve falar mais disso de mutilação. Já existe um dispositivo nessas máquinas que quando você... quando vai alguma coisa mais... mais grossa do que a palha, ela desarma. Então já não existe isso. Mas até hoje tá... está estigmatizado isso aí. Ah, sisal, sisal é o que... é o que perde a mão, é o que mutila as mãos. Isso já não existe. Eu não... eu... eu... Eu desconheço nos últimos 10, 15, 20 anos algum tipo de mutilação que eventualmente pode ter havido alguma, mas em linhas gerais você não ouve mais falar nisso. | For example, the issue of mutilation, which people talk a lot about in sisal plantations. You know, you’re from the sisal region, you live here in Conceição do Coité, and you know that you no longer see or hear about this mutilation. There’s already a safety device in these machines that stops when something thicker than the straw goes through. So it doesn’t happen anymore. But even today, there’s still a stigma: “Ah, sisal, sisal is what… cuts hands, mutilates hands.” That doesn’t exist anymore. I… I don’t know of any cases in the last 10, 15, 20 years. Maybe there was something isolated, but in general, you don’t hear about it anymore. | Por ejemplo, la cuestión de la mutilación, ¿no?, que se habla mucho sobre eso en las plantaciones de sisal. Usted sabe, usted es de la región del sisal, vive aquí en Conceição do Coité y sabe que ya no se oye... no se ve más, no se habla más de eso de mutilación. Ya existen dispositivos en esas máquinas que, cuando pasa algo más grueso que la hoja, se desactivan. Entonces, eso ya no existe. Pero hasta hoy eso sigue estigmatizado. Ah, sisal... el sisal es lo que hace perder la mano, lo que mutila las manos. Eso ya no existe. Yo no... yo... yo desconozco, en los últimos 10, 15, 20 años, algún tipo de mutilación. Puede que eventualmente haya habido algún caso, pero en términos generales ya no se oye más hablar de eso. | | José de Araújo Dono de Motor | Na verdade tem 27 anos, no meu mesmo, nunca aconteceu. Nos colega de roça, às vezes, a gente, no trecho, já aconteceu. | Actually, it’s been 27 years for me—never happened. With farm colleagues, sometimes, on certain stretches, it has happened. | En realidad hace 27 años que trabajo en esto, y conmigo nunca pasó. Con algunos colegas del campo, a veces, en el trecho, ya ha pasado. | | Paulo Marcos | Mas hoje é menos. Hoje, hoje, hoje é menos. | But today it’s less. Today, today, it’s less. | Reportero: Pero hoy es menos. Hoy, hoy, hoy es menos. | | José de Araújo Dono de Motor | Hoje é. | Today it is. | Hoy sí lo es. | | Paulo Marcos | Antigamente tinha mais, gente. | Before, there was more, people. | Antes había más, gente. | | José de Araújo Dono de Motor | Mas tem um mês que pegou um ali no motor. Tirou, tirou os dedos tudo, só ficou esse. | But a month ago, someone got caught in the machine. Lost all their fingers—only this one remained. | Pero hace un mes uno se agarró ahí en el motor. Le arrancó todos los dedos, solo le quedó este. | | URBANO CARVALHO - SINDICALISTA | Nossa região é uma região na onde... eh... eh... o... os trabalhadores vêm pro motor de sisal junto com a sua família, com dono de motor ali, que praticamente é a sua família que tá ali trabalhando, vem de moto, volta de moto, dorme na casa dele, tem televisão, tem geladeira, tem a... a comida... eh... certinha, entendeu? Tem o conforto da casa dele, diferente de quem tá numa grande fazenda, debaixo de barraco, de lona, todo mundo que trabalha aqui na... aqui em Palmares mora na... lá no povoado, nas casas deles. Você chega lá tem energia elétrica, tem banheiro, tem... tem deles que tem até chuveiro quente, tem televisão, tem fogão a... a... a gás, então tem... tem um conforto de lá, entendeu? À noite eles estão no conforto do lar dele, diferente do... daquilo que foi denunciado e eu acho que... eh... da maneira que foi... eh... usado politicamente é uma maneira... uma maneira criminosa. | Our region is one where… the sisal machine workers come with their families. The machine owner is practically family, working alongside them. They come by motorcycle, go back by motorcycle, sleep in their own homes, with TV, fridge, proper food… you know? They have the comfort of their home, unlike people on a big farm, under a shack or tarp. Everyone working here in Palmares lives in the village, in their own houses. There, they have electricity, bathrooms, some even have hot showers, TV, gas stoves… they have comfort. At night, they’re in the comfort of their own home, unlike what was reported. And I think… the way it was used politically is criminal. | Nuestra región es una región donde... eh... eh... los trabajadores vienen al motor de sisal junto con su familia, con el dueño del motor ahí, que prácticamente es su propia familia la que está trabajando. Vienen en moto, vuelven en moto, duermen en su casa, tienen televisión, tienen nevera, tienen la comida... eh... bien hecha, ¿entiende? Tienen la comodidad de su hogar, diferente de quien está en una gran hacienda, bajo un barraco, una lona. Toda la gente que trabaja aquí en... en Palmares vive en el poblado, en sus casas. Usted llega allá y hay energía eléctrica, hay baño, algunos hasta tienen ducha caliente, tienen televisión, tienen cocina a gas... entonces tienen una comodidad allá, ¿entiende? Por la noche están en el confort de su hogar, diferente de lo que fue denunciado, y yo creo que... eh... la manera en que fue usada políticamente es una manera... una manera criminal. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | A máquina desfibradeira chamada de paraibana é tanto uma ferramenta como uma ameaça. | The defibring machine, known as the "paraibana," is both a tool and a threat. | La máquina desfibradora llamada "paraibana" es tanto una herramienta como una amenaza. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | A máquina do sisal não era essa que se usa hoje, era um motor enorme que era sentado no meio da roça e aquele motor não tirava para lugar nenhum. O sisal todo tinha que ser transportado para ele. Depois vem aquele motor e amarra B9, B8, B9 que eles botam em cima de uma carroça e fica levando o motor para mais perto do sisal. Melhorou muito. | The sisal machine wasn’t like the one used today; it was a huge engine sitting in the middle of the field, and that engine couldn’t be moved anywhere. All the sisal had to be brought to it. Later, they got that motor and tied B9, B8, B9 on top of a cart, moving the engine closer to the sisal. It improved a lot. | La máquina del sisal no era como la que se usa hoy, era un motor enorme que se colocaba en medio del campo y no se movía para ningún lado. Todo el sisal tenía que ser transportado hasta él. Después vino ese motor amarra B9, B8, B9 que lo colocan encima de una carreta y van llevando el motor más cerca del sisal. Mejoró mucho. | | HÉLIO CARNEIRO - DIRETOR DA SABIÁ FM | A região nossa apilidada de sisaleira avançou com percalços, mas avançou utilizando uma tecnologia primitiva para extração, a extração da fibra, utilizando uma tecnologia ultrapassada para a fiação, utilizando a fiação, digo, das fibras, utilizando uma tecnologia ultrapassada para as tapeçarias. | Our sisal region progressed with setbacks, but it advanced using primitive technology for fiber extraction, outdated technology for spinning the fibers, and outdated technology for tapestries. | Nuestra región, apodada como región sisalera, avanzó con tropiezos, pero avanzó. Utilizando una tecnología primitiva para la extracción de la fibra, una tecnología obsoleta para el hilado, me refiero al hilado de las fibras, y una tecnología también atrasada para las tapicerías. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | E agora já tem uma máquina nova que diz que desfibra sozinho, mas não sei por isso ainda não foi implementado. Pode ser até para não prejudicar a mão de obra do trabalhador, porque se ela vai fazer o trabalho por cinco homens, são cinco famílias que vão ficar desamparadas. O progresso é bom, mas não é tudo. | And now there’s a new machine that supposedly defibers by itself, but I don’t know why it hasn’t been implemented yet. Maybe it’s to avoid harming the workers’ jobs—because if it does the work of five men, five families would be left without support. Progress is good, but it’s not everything. | Y ahora ya existe una máquina nueva que dicen que desfibra sola, pero no sé, porque aún no ha sido implementada. Puede que sea hasta para no perjudicar la mano de obra del trabajador, porque si ella hace el trabajo de cinco hombres, son cinco familias que van a quedar desamparadas. El progreso es bueno, pero no lo es todo. | | URBANO CARVALLHO - SINDICALISTA | Você pode... eh... melhorar essa... e os pequenos agricultores e os trabalhadores e donos de motores pode se adaptar muito bem, porque já... eh... eh... você precisa melhorar a questão da segurança, mais ainda a questão da segurança. E a outra você pode ter a... essas máquinas que... Estão chamando aí de máquina grande para as grandes fazendas. | You can… improve this… and the small farmers, workers, and engine owners can adapt very well, because… you need to improve safety—especially safety even more. And also, you can have those machines they’re calling “big machines” for the large farms. | Se puede mejorar eso... y los pequeños agricultores, así como los trabajadores y dueños de motores, pueden adaptarse muy bien, porque ya... eh... ya tienen certa experiência. Pero es necesario mejorar aún más el tema de la seguridad. Y por otro lado, esas máquinas que están llamando de “máquinas grandes” pueden quedar para las grandes haciendas. | | GONÇALO PEREIRA - CIENTISTA UNICAMP | Vou fazer uma paraibana melhor. Isso não resolve. Isso não resolve. Isso é... é alimentar... É... é prorrogar a miséria. Sabe porque o... .a cadeia tá errada. A cadeia tá errada. Lembrando, eu sou professor e a grande coisa de ser professor ser independente. | I’m going to make a better one, a Paraíba-style. This doesn’t solve anything. This doesn’t solve anything. It… it feeds… it prolongs misery. Do you know why? The chain is wrong. The chain is wrong. Remember, I’m a teacher, and the great thing about being a teacher is being independent. | Voy a decirlo al estilo paraibano, bien claro: eso no resuelve. Isso não resolve, não. Isso é alimentar... é prorrogar a miséria. Sabe por quê? Porque a cadeia tá errada. A cadeia produtiva tá errada. E lembrando: eu sou professor, e a grande vantagem de ser professor é ser independente. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Essas máquinas, símbolo de produção e sobrevivência ainda hoje funcionam sem as condições mínimas de segurança. Os equipamentos de proteção são raros e o risco é diário. Os mutilados do sisal são a evidência de um sistema que insiste em não proteger seus trabalhadores, | These machines, symbols of production and survival, still operate today without the minimum safety conditions. Protective equipment is rare, and the risk is daily. The maimed from sisal are evidence of a system that insists on not protecting its workers. | Estas máquinas, símbolo de producción y supervivencia, aún hoy funcionan sin las condiciones mínimas de seguridad. Los equipos de protección son escasos y el riesgo es diario. Los mutilados del sisal son la evidencia de un sistema que insiste en no proteger a sus trabajadores. | | MARIA ELIANA - SINDICALISTA | ..né? E não é fácil... eh... um ser humano tá na frente da boca de uma máquina, às vezes até drobar o dia de serviço em um trabalho tão árduo quando já deveria existir maquinários que fosse de... de forma para o pequeno, porque até então o que existe não é para pequeno, é para grande, né? Então precisa que tenha para pequeno com facilidade para que as pessoas possam ter um trabalho menos cansativo. | …right? And it’s not easy… a human being in front of a machine, sometimes working all day in such hard labor, when there should already be machinery designed for small-scale work. Until now, what exists is for large operations. So there needs to be equipment for small producers, making work less exhausting. | ...¿no? Y no es fácil... eh... que un ser humano esté frente a la boca de una máquina, a veces hasta doblando el día de trabajo en una labor tan dura, cuando ya deberían existir maquinarias pensadas para el pequeño. Porque, hasta ahora, lo que existe no es para el pequeño, es para el grande, ¿no? Entonces, se necesita que haya equipos accesibles para los pequeños, para que las personas puedan tener un trabajo menos agotador. | | JORGE HENRIQUE PERUNA - EMPRESÁRIO | Na verdade, hoje nós temos dois parâmetros. Hoje nós temos os pequenos produtores tem que continuar produzindo com condições de trabalho melhores e nós temos a questão do agro, da indústria, que não pode ser colocada de fora, todas elas têm que ser atendidas. Então hoje nós procuramos desenvolver equipamentos ergonomicamente corretos, seguramente corretos pra questão do sisal e de tudo que tá ligado a ela, que leve essa facilidade, que tenha confiabilidade mecânica, que tenha acessibilidade, preços e tudo aquilo que o pequeno agricultor precisa. | Actually, today we have two parameters. Small producers must continue producing under better working conditions, and we also have the agricultural and industrial sector, which cannot be left out—they all need to be addressed. So today, we aim to develop equipment that is ergonomically and safely designed for sisal work and everything related, providing ease of use, mechanical reliability, accessibility, pricing—everything a small farmer needs. | En realidad, hoy tenemos dos parámetros. Hoy los pequeños productores deben seguir produciendo, pero con mejores condiciones de trabajo. Y también tenemos el tema del agro, de la industria, que no puede quedar fuera; todos deben ser atendidos. Por eso, hoy buscamos desarrollar equipos ergonómicamente correctos, seguros, pensados para el sisal y todo lo que está relacionado con él. Equipos que ofrezcan facilidad, confiabilidad mecánica, accesibilidad, buenos precios, y todo lo que el pequeño agricultor necesita. | | JANGO - Professor | A outra sugestão, como foi aventado pelo companheiro Jorge ali, é a questão do subsídio. Então nós... os pequenos agricultores precisam realmente de subsídios, | The other suggestion, as raised by our colleague Jorge, is the issue of subsidies. So… small farmers really need subsidies. | La otra sugerencia, como mencionó el compañero Jorge, es la cuestión del subsidio. Entonces, los pequeños agricultores realmente necesitan subsidios, sí. | | IVO NAVES - CÂMARA SETORIAL DO SISAL | ...mas nós temos hoje em dia 100.000 ha de sisal e em cima desses 100.000 ha nós temos todo um capital humano. Nós temos cerca de 400.000 produtores, nós temos cerca de 4.000... eh... motores, nós temos cerca de... de centenas de... eh... batedeiras e nós temos todo um parque industrial que está montado e que aí está e que... e que esse parque industrial já rende algo em torno de $ 100mil por ano em exportação. E isso, conforme dito hoje aqui, tem um efeito multiplicador muito grande, porque é um dinheiro que entra local, é um dinheiro que entra na veia. Dizem que quando o sisal, o sisal tá bom, a feira tá boa. | …but nowadays we have 100,000 hectares of sisal, and on top of that we have the entire human capital. We have about 400,000 producers, around 4,000… engines, hundreds of… beaters, and a whole industrial park that’s set up. This industrial park already generates roughly \$100,000 per year in exports. And as mentioned here today, it has a very strong multiplier effect, because it’s money coming in locally, money going directly into the system. They say that when sisal is doing well, the market is doing well. | ...pero hoy en día tenemos 100.000 hectáreas de sisal, y sobre esas 100.000 hectáreas tenemos todo un capital humano. Tenemos cerca de 400.000 productores, unos 4.000 motores, centenas de desfibradoras, y todo un parque industrial ya instalado, que está ahí y que ya genera algo alrededor de 100 mil dólares por año en exportación. Y eso, como se dijo hoy aquí, tiene un efecto multiplicador muy grande, porque es un dinero que entra a nivel local, entra directo en la vena. Dicen que cuando el sisal está bien, la feria también está buena. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | Ele... ele inclusive uma riqueza que... que vem a partir das commodities internacionais, né, que há momentos em que há o boom de busca de fibras naturais. Então, Coité e região sisaleira exporta e aí vem mais dinheiro para cá. Porém, um dinheiro... é um recurso que se concentra na mão de poucos. | It… it’s even a wealth that comes from international commodities, right? There are times when there’s a boom in demand for natural fibers. So Coité and the sisal region export, and more money comes in. However, it’s money… a resource concentrated in the hands of a few. | Es... es una riqueza que, inclusive, viene de las commodities internacionales, ¿no? Hay momentos en que hay un boom en la demanda de fibras naturales. Entonces, Coité y la región sisalera exportan, y ahí entra más dinero para acá. Sin embargo, es un dinero... es un recurso que se concentra en manos de pocos. | | ORLANDO MATOS - HISTORIADOR | Todo mundo ganha. Ganha o trabalhador, ganha o... o transportador, ganha o intermediário, que é o cara lá do armazém, de beneficiamento, e ganha o exportador. | Everyone earns. The worker earns, the transporter earns, the intermediary—the guy at the warehouse or processing—earns, and the exporter earns. | Todos ganan. Gana el trabajador, gana el transportista, gana el intermediario —el del almacén de beneficiamiento— y gana el exportador. | | PROFESSOR ROBENILTON - HISTORIADOR | Então, se você olhar a cadeia produtiva do sisal, você vai ver a cadeia também da desigualdade. no qual poucos tem muito e muitos têm pouco. Então, e esses poucos que, né, dessa multidão são justamente os trabalhadores, né, que... que há essa... essa... a cada camada, a cada etapa da produção da... da fibra e do sisal, você tá produzindo uma pirâmide de desigualdade também, né? | So, if you look at the sisal production chain, you’ll also see the chain of inequality, where a few have a lot and many have little. And those few, right, in this multitude, are precisely the workers. At each layer, at each stage of fiber and sisal production, you’re also creating a pyramid of inequality. | Entonces, si uno mira la cadena productiva del sisal, también va a ver la cadena de la desigualdad. Donde pocos tienen mucho y muchos tienen poco. Y esos muitos, ¿no?, son justamente los trabajadores. Porque en cada capa, en cada etapa de la producción de la fibra y del sisal, se va formando también una pirámide de desigualdad. | | PAULO MARCOS - NARRADOR | Quem com a organização social enfrentou e superou o desafio do trabalho infantil nos campos de sisal, já demonstrou que é possível alcançar conquistas a ainda maiores. Na região, iniciativas como a da APAEB destacam-se ao reunir produtores e trabalhadores em cooperativas, promovendo um modelo colaborativo que não apenas fortaleceu a economia local, mas também serve como exemplo inspirador para os desafios futuros. Esse modelo será essencial para impulsionar o desenvolvimento nos próximos anos. | Those who, through social organization, faced and overcame the challenge of child labor in the sisal fields have already shown that it is possible to achieve even greater accomplishments in the region. Initiatives like APAEB stand out by bringing together producers and workers in cooperatives, promoting a collaborative model that not only strengthened the local economy but also serves as an inspiring example for future challenges. This model will be essential for driving development in the coming years. | Quienes, con organización social, enfrentaron y superaron el desafío del trabajo infantil en los campos de sisal, ya han demostrado que es posible lograr conquistas aún mayores en la región. Iniciativas como la de APAEB se destacan al reunir productores y trabajadores en cooperativas, promoviendo un modelo colaborativo que no solo fortaleció la economía local, sino que también sirve como un ejemplo inspirador para los desafíos futuros. Este modelo será esencial para impulsar el desarrollo en los próximos años. | | GONÇALO PEREIRA - CIENTISTA UNICAMP | O caminho é a gente reunir os... em organizações, sabe? Tanto para estudar, para aprender, para entender. É isso que vai mudar tudo. Vocês são fundamentais porque quem que vai encontrar a solução? Sou eu, não são vocês mesmos. | The way forward is to bring people together in organizations, you know? To study, to learn, to understand. That’s what will change everything. You all are essential, because who’s going to find the solution? It’s me, not you yourselves. | El camino es reunirnos en organizaciones, ¿sabe? Tanto para estudiar, para aprender, para entender. Eso es lo que va a cambiar todo. Ustedes son fundamentales, porque ¿quién va a encontrar la solución? No soy yo, son ustedes mismos. | | ISMAEL FERREIRA - DIRIGENTE DA APAEB VALENTE | Nosso problema maior, a fibra é um problema. Nós temos pouca utilidade, né? Mais ou menos metade dela ainda é exportada ou mais do que isso exportada com matéria prima pra gerar emprego lá fora, que devia tá gerando emprego aqui, né? A gente tá carregando para lá. Então é um problema, mas não é o principal. Se nós tivesse aqui aproveitando, por exemplo, a mocilagem para fazer ração, que para cada quilo de fibra, a gente perde pelo menos três de resíduo, o produtor não teria perdido 1/3 da sua renda, 2/3 da sua renda de 2021 para 2024, porque com resíduo ele teria suprido essa perda que ele teve na qualidade da fibra. Então é preciso pesquisa para aproveitar melhor a fibra, tem outros produtos para fibra, tem outra atividade pra fibra, mas o mais importante agora é a gente ter o maior aproveitamento para o que estamos jogando fora. E o principal e o mais rápido de fazer é usar o resíduo. Já tá comprovado, tem pesquisa demais mostrando isso em EMBRAPA, universidades, as instituições locais, a APAEB já fez isso, a Embrapa já fez isso, a FATRES já fez experimento, então mostra que é possível, mas a gente continua teimando em aproveitar 4% e jogar 96% fora. | | Nuestro mayor problema, la fibra es un problema.Tenemos poca utilidad para la fibra, ¿no? Más de la mitad todavía se exporta como materia prima, generando empleo afuera cuando debería estar generándolo aquí. Estamos mandando la riqueza para fuera. Pero ese ni siquiera es el principal problema.

Si estuviéramos aprovechando, por ejemplo, la mucilaginosa para hacer alimento para animales —porque por cada kilo de fibra se pierden al menos tres kilos de residuo—, el productor no habría perdido un tercio, o hasta dos tercios, de su renta entre 2021 y 2024. Con el residuo, podría haber compensado esa pérdida en la calidad de la fibra.

Entonces, es necesario invertir en investigación para aprovechar mejor la fibra. Hay otros productos, otras actividades relacionadas a ella. Pero lo más importante ahora es sacarle el máximo provecho a lo que estamos tirando. Y lo más urgente, lo más rápido de hacer, es usar el residuo. Ya está comprobado. Hay muchas investigaciones sobre eso: de EMBRAPA, de universidades, de instituciones locales. APAEB ya lo hizo, EMBRAPA también, FATRES ha hecho experimentos. Ya se sabe que es posible. Pero seguimos insistiendo en aprovechar solo el 4% y tirar el 96% restante. | | Paulo Marcos | O senhor não sabe o que que essa fibra aí vai para onde vai? O que que… | | Reportero: ¿Usted no sabe para dónde va esa fibra? ¿Qué es lo que…? |

Relação numerada das pessoas e profissões mencionadas no documentário:

  1. Paulo Marcos: Narrador.
  2. Professor Robenilton: Historiador.
  3. Urbano Carvalho: Sindicalista.
  4. Maria Eliana: Sindicalista.
  5. José de Araújo: Dono de Motor.
  6. Orlando Matos: Historiador.
  7. Roberto Lopes: Escritor.
  8. Marcelo Araújo: Empresário e Prefeito de Conceição do Coité.
  9. Del Feliz: Músico.
  10. Iana Araújo: Engenheira Civil.
  11. Wilson Andrade: Presidente do Sindicato das Indústrias de Fibras Vegetais no Estado da Bahia (Sindifibras).
  12. Rene: Sindicalista.
  13. Rafael Mota: Coordenador da conferência e membro da Câmara Técnica do Sisal.
  14. Ivo Naves: Câmara Setorial do Sisal.
  15. Misael Ferreira: Empresário do Sisal (falecido em fevereiro de 2025).
  16. Toinho: Trabalhador Rural.
  17. Icaro Matheus: Ator e Cineasta.